Uma reflexão profunda acerca do futuro das universidades brasileiras e latino-americanas, tendo como pano de fundo uma análise das mudanças que se desenrolam no contexto europeu de educação superior, nesta primeira década de século. É o que o leitor pode esperar do livro “Globalização, sociedade do conhecimento e educação superior. Os sinais de Bolonha e os desafios do Brasil e da América Latina”, de autoria do professor e secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Alex Fiúza de Mello, e recém-lançado pela editora UnB.

O livro é resultado do pós-doutorado do autor na Espanha (2009-2010), junto à Cátedra da Unesco de Gestão e Política Universitária (situada na Universidade Politécnica de Madri). Segundo Fiúza de Mello, as perspectivas da educação superior no Brasil têm sido tema de seu interesse nos últimos anos e isso foi potencializado por ocasião dos oito anos em que ele atuou como reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA).

A investigação parte da experiência de internacionalização mais bem-sucedida no mundo, a da Europa, para entender como o processo se efetivou e projetar um cenário para a realidade latino-americana. A obra aborda reflexões acerca do papel que as instituições universitárias terão de assumir no Brasil e na América Latina nos próximos anos, tendo em vista a emergência da chamada “Era do Conhecimento”, com suas novas demandas por conhecimento científico e inovação.

O processo de Bolonha, acordo entre as nações européias firmado em 1999 de modo a criar um Espaço Europeu de Ensino Superior, com políticas públicas afins, é investigado sob diferentes ângulos. Considerado um marco na reforma do sistema universitário europeu, Bolonha traça como objetivos principais a edificação de um sistema que viabilize a internacionalização das universidades, facilite a mobilidade acadêmica, promova a qualidade docente e concorra para o desenvolvimento econômico, social e humano da Europa.

Para o autor, o que acontece na Europa não é um fato isolado, mas traduz tendências da atualidade, “sinais dos tempos”. Por isso, a pertinência de se projetar o “laboratório” europeu para a nossa realidade. No livro, Alex Fiúza de Mello descreve os desafios que envolvem a reforma universitária no Brasil e na América Latina e analisa os caminhos para se criar um espaço de cooperação universitária regional nos marcos de um mundo que se globaliza.

O autor é enfático em suas conclusões: “(...)Não há outro caminho para o milênio que se inicia: ou se investe em educação e conhecimento, de forma prioritária e cooperativa, ou não haverá alforria possível para todo este estado de servidão secular que tem marcado a trajetória dos povos latino-americanos”.

O lançamento da obra ocorreu no dia 14 de dezembro, na sede da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em Brasília.

Ana Carolina Pimenta - Ascom/Secti