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Secti abre a Mostra de Ciência e Cultura Camillo Vianna

Uma vida dedicada à preservação ambiental e ao desenvolvimento sociocultural da Amazônia. O médico, folclorista e ambientalista Camillo Vianna completa 86 anos esta semana com uma justa homenagem. Em solenidade realizada nesta terça-feira, 10 de abril, a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) abriu oficialmente a Mostra de Ciência e Cultura, que este ano recebe o nome do homem que se tornou um ícone na luta em defesa da floresta e dos povos que nela vivem.

 

A Mostra de Ciência e Cultura Camillo Vianna levará para os municípios do interior do estado uma parte significativa da produção científica e acadêmica das principais instituições de ensino e pesquisa paraenses. O evento integra a programação anual da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, cujo tema este ano é “Economia verde, sustentabilidade e erradicação da pobreza”.

 

Na solenidade de abertura, o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Alex Fiúza de Mello, destacou a pertinência da homenagem ao ambientalista num ano em que dirigentes do mundo inteiro debaterão o destino da Amazônia na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio +20. “Nada melhor que escolher Camillo Vianna, que devotou sua vida à causa pública, sempre com um tratamento diferenciado à questão amazônica. O Estado o homenageia pela sua obra, pela sua vida e pelo seu exemplo”.

 

A emoção marcou a fala da pesquisadora da Embrapa e sobrinha de Camillo, Noemi Vianna. Em seu pronunciamento, Noemi alternou momentos de admiração pelo profissional – inspiração para tantos outros, como a própria Noemi - e de reverência ao tio - que com gestos emblemáticos, transmitiu cidadania e a paixão pela natureza aos sobrinhos.

 

A engenheira florestal lembrou episódios importantes da trajetória de Camillo, como sua atuação no Projeto Rondon, no qual ele coordenou ações extensionistas em diversas localidades ribeirinhas. A idealização do “Trote Ecológico”, criado por Camillo para formar nos calouros uma consciência sobre a importância do reflorestamento para o bem-estar da população e para a preservação ambiental. A pesquisadora também ressaltou a versatilidade de Camillo quando narrou o fato de ele ter sido escolhido como o homenageado pela escola de samba Império Jurunense. “Foi o próprio tio Camillo quem escreveu o samba-enredo 'A morte do Curupira'”.

 

O exemplo e pioneirismo de Camillo são importantes legados para as próximas gerações. Em um tempo em que o termo “desenvolvimento sustentável” ainda nem havia sido cunhado, Camillo já trabalhava com esta abordagem. “Ele nunca tratou dos problemas ecológicos de forma desvinculada das questões sociais. Muito pelo contrário, deixa claro que as soluções para a crise ambiental precisam incorporar o homem que vive na Amazônia e sua cultura”, destaca Tatiana Amaral, coordenadora de Difusão e Popularização de C&T da Secti.

 

Visivelmente emocionado, Camillo pouco falou. De forma simples, como sua própria essência, o homenageado agradeceu. E para que mais palavras? A voz de Camillo muito já ecoou nos quatro cantos do nosso estado e, hoje, ainda se faz ouvida e respeitada por pesquisadores, gestores, estudantes, ambientalistas, ribeirinhos, quilombolas, enfim, pela gente que compõe esse nosso meio ambiente.

 

Trajetória - Formado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Estado do Pará, Vianna atuou no ensino de Medicina e em conselhos profissionais da área. Foi vice-reitor e pró-reitor de extensão da Universidade Federal do Pará, onde criou diversos projetos de extensão e interiorização. Também idealizou atividades como as Semanas Amazônicas de Preservação e o Primeiro Encontro dos Povos Indígenas do Xingu. Em 1968, criou a Sociedade de Preservação aos Recursos Naturais e Culturais da Amazônia (SOPREN), organização preservacionista destinada à valorização das pessoas, recursos e natureza da região.

 

 

Texto: Ana Carolina Pimenta - Ascom Secti

Foto: Eliseu Dias. Agência Pará